segunda-feira, 15 de abril de 2013

Fui, Sou de Campo Grande

Na coluna desta semana, temos como convidado um ator que está estourando no teatro, em um musical


Fonte: Ana Paula Kfuri (O Campo Grande que Merecemos)

Diego Luri, jornalista, ator e cantor. Idade? Segundo ele, “a idade do ator é a idade de seu personagem”. Nasceu em Campo Grande, bairro onde vive até hoje. Iniciou a sua vida escolar no Colégio Nossa Senhora do Rosário, no ensino médio, fez um tour passou pela Escola Técnica do Rio de Janeiro (RJ) para fazer técnico em Informática Industrial, mas como não tinha menor vocação, voltou para o ensino comum, no Santa Mônica Centro Educacional e, finalizou os estudos no Educandário Monteiro Lobato, já na Estrada do Iaraquã. E se graduou em Jornalismo pela Universidade Gama Filho.

Diego conta que desde criança quis cantar e interpretar, mas seu pai nunca foi muito ligado nas suas aptidões artísticas e sua mãe não tinha condições de pagar cursos para ele. Então começou a fazer teatro aos 13 anos, em um cursinho que funcionava no colégio que estudava. Depois fez peças amadoras e trabalhou por anos dirigindo um grupo de teatro da Igreja que participava.

Durante o tempo de faculdade e formação como jornalista ficou parado. A decisão de se tornar Jornalista foi, pois precisava de uma “profissão de verdade”, já que os pais dele, principalmente o pai, não acreditava na carreira de ator, dizia que era coisa de sonhador, que não dava futuro. E a mãe não apoiava por valores morais e religiosos. Com o passar do tempo, sua mãe viu e entendeu o que era a profissão de ator e começou a dar mais apoio. Diego conta: “Minha mãe começou a entender que a profissão não era bem como ela pensava (risos) e começou a dar mais apoio e a segurar minhas barras pra pagar cursos e tudo o mais”.

Contudo uma profissão “de verdade” se tornou uma necessidade para Diego, pois se carreira de ator não desse certo, teria outra para ser garantir. Como é amante da escrita e da Comunicação, o Jornalismo veio a calhar. “Eu sabia bem que fora da Arte, só conseguiria me envolver com a Comunicação”.  Já no segundo período de faculdade começou a estagiar em um programa de televisão cultural.

A carreira de ator começou depois de formado e com emprego regular como jornalista e com a certeza que poderia se estabelecer na carreira se quisesse. Tendo seu próprio dinheiro, pode pagar seus cursos e correr atrás de seus sonhos, começou a audicionar para espetáculos quando estudava na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). Logo passou em uma e outra, e não parou mais. Apesar da carreira de ator, a Comunicação ainda faz parte de sua vida. Está tentando conciliando as duas carreiras da melhor forma possível.

Suas apresentações em Campo Grande

Em 2007, quando começou a fazer teatro, a montagem foi a peça “Os Incríveis Anos 60", com direção de William Vita, baseada no filme Grease. Anos depois, voltaria como o Horloge, de a Bela e a Fera. Mas na época que a peça foi para Campo Grande, estava em um musical no Teatro Ipanema e não teria tempo de fazer as duas. E quem acabou fazendo foi seu substituto, o ator Yuri Goldenberg. Algum tempo depois fez uma apresentação única na Lona Cultura Elza Osborne participando de um show de humor chamado Total Comedy, com Sil Esteves, Fábio Nunes, Flávio Lobo e uma galera bem legal de comédia. 

Sua trajetória profissional

Na Televisão

Começou como repórter no programa Mosaico, produzido pela TV Gama e veiculado no atual Canal 11 da NET-Rio. Depois, apresentou o programa Vida e Missão, produzido pela Igreja Metodista do Estado do Rio de Janeiro, fazendo entrevistas e cobrindo trabalhos sociais. O programa era veiculado na Band Rio e posteriormente passou para a CNT.

No Teatro

Grande parte da carreira tem sido dedicada a espetáculos para a família, com classificação livre, e a musicais. Teve a oportunidade de ser dirigido por um dos maiores conhecedores de teatro musical no nosso país, Paulo Afonso de Lima, e fez dois espetáculos com ele, com a direção musical de Patrícia Evans. Estava fazendo Porquinhos - O Musical, no Teatro NET-Rio, quando foi aprovado para o elenco de Shrek. Seria a minha primeira grande produção.

Na Música

Integrou o grupo vocal Réus Confessos, que já fez participações no programa da Xuxa, no QST (do SBT) e entre outros. Gravei uma versão da música YMCA para a novela Morde & Assopra, da Rede Globo, que foi utilizada em cenas do personagem Áureo, interpretado pelo André Gonçalves.

O Musical Shrek

Diego conta: “Sempre fui um grande amante do teatro musical. Mas Shrek foi minha segunda grande audição. A primeira foi para o espetáculo "O Mágico de Oz", da Aventura Entretenimento, dirigido por Charles Moeller e Claudio Botelho, que inclusive é responsável pelas versões brasileiras para as músicas de Shrek. Foram 1.200 inscritos, 800 selecionados para as audições e quatro etapas de seleção. Canto, dança, interpretação. Por fim, acabei sendo
eleito para o personagem título”. 

Sua rotina

“Olha, embora a gente só esteja em cartaz de quinta a domingo, a rotina é bem puxada. Sábado e domingo são duas sessões. Eu chego meio-dia ao teatro e saio de lá às 22h ou 23h. A equipe calcula cerca de três horas para a minha caracterização. Temos feito em menos, em duas horas aproximadamente, mas é necessária essa margem de uma hora para emergências. Como o figurino é pesado (cerca de 8,5kg), existe uma fisioterapeuta que me auxilia nesse processo. O calor também é um fator crucial. Além dos aparelhos de ar condicionado que têm que estar funcionando à máxima potência, também trabalhamos com ventiladores tufão nas coxias, onde a cada final de cena a maquiadora faz reparos na máscara e manutenção na pintura. Meus dias livres acabam passando bem rápido. A minha segunda-feira uso para descansar ao máximo. Terça-feira faço cursos e na quarta-feira resolvo pendências burocráticas. Como moro longe do teatro, acaba sobrando bem pouco tempo pra mim.”

Com esta rotina semanal, Diego comenta que é preciso se cuidar. Além de procurar estar sempre se reciclando em aulas, é muito importante cuidar da voz e da saúde. Evitar excessos, dormir bem e se alimentar adequadamente. E diz: “Eu, por exemplo, se não tiver pelo menos oito horas de sono antes da sessão, isso compromete um pouco o meu desempenho. Talvez o público não perceba algo tão crítico, mas eu sei que não estaria dando o meu melhor. A voz não fica tão limpa. O corpo não fica tão disposto. Então, é muito importante, sim, se cuidar”.

Quanto ao incêndio que chocou o país e suas repercussões, teatros e casas e espetáculos interditados, ele comenta: “Muita gente fez apelos pela reabertura dos teatros e tudo o mais. Eu sei que, apesar da negligência que se foi feita com o cuidado dessas casas de show até agora, se essa atitude não fosse tomada coisas piores poderiam acontecer. Não adianta reclamar pelo que não foi feito nos anos anteriores. É legal estudar o que pode ser feito a partir de agora. A medida que se encontrou foi fechar os teatros que não estavam em condições adequadas para receber o público. É um risco que não se pode correr. A segurança e a integridade física do público, da equipe do espetáculo e do teatro precisam ser preservadas acima de tudo. Eu sei que foi um baque financeiro pra muita gente. Mas, como deixaram chegar a esse ponto, foi necessário fechar até regularizar a situação. Manter esses teatros abertos é se assemelhar aos seguranças que mantiveram aquelas pessoas dentro da boate gaúcha. Cruel, mas real. Quanto ao Shrek, o Teatro João Caetano não foi interditado e mantivemos a nossa programação normalmente. Espero que todos os teatros voltem a funcionar normalmente o mais breve possível. A classe artística e a população precisam disso. Pelo bem da Cultura”.

O Blog perguntou a ele o que falta em Campo Grande para aumentar a frequência de peças e público nos teatros do bairro e ele nos respondeu com muita propriedade: “Educar a região sobre a importância da cultura e divulgar bem os espetáculos. Falta um incentivo real à arte, principalmente nas escolas. As peças em Campo Grande têm público, quando bem divulgadas. O que falta é trazer espetáculos. O que falta é cuidar bem dos nossos teatros. Falta criar mais internamente também. Casas e espetáculos”. 

Diego ainda mora em Campo Grande, apesar de ter ficado um tempo em Copacabana, acabou voltando. Mas como todos que moram em Campo Grande e trabalham no Centro ou na Zona Sul leva até cinco horas de ida e volta em transporte. Só por esta razão, está pretendendo se mudar em breve. Ele diz “Eu adoro Campo Grande. O grande problema, pra mim, realmente tem sido a distância. Levo até cinco horas de ida e volta em transporte em dias de trabalho. Por isso, e apenas por isso, pretendo me mudar brevemente. Mas adoro Campo Grande”.  E finaliza:

“Parabéns pelo trabalho. Tem muita gente da Zona Oeste em atividade por aí. A própria Dragona, do espetáculo Shrek, é moradora de Santíssimo. Outros atores como William Vita, Bruno Macedo, Karen Coelho, Ricardo Ferreira, Rafaella Ferreira e tantos outros já moraram no bairro. E que se produza mais e mais propagadores da arte aqui em Campo Grande. Um grande beijo pra você e pros leitores do blog. ;)”

Somos nós que agradecemos a você. 
Que mais espetáculos venham para nosso Bairro.

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